Publicado no âmbito dos 20 anos de existência do fanzine criado por Marcos Farrajota e Pedro Brito.
Etiqueta: João Fazenda
Sérgio Godinho e as 40 Ilustrações

«Ilustrada a música destas quarenta maneiras, percebo agora melhor o que dizem as palavras. A música pura diz tudo sem mostrar nada, e só depois as frases da palavra lhe dão percursos, caras e intenções. Uma canção pronta é indiciada apenas como versão primeira de uma que se irá seguir. Por isso gosto tanto da ideia de versão, onde de repente fica provada a profunda essência plástica de uma melodia e de um verso. É, no limite, uma história sem fim, que se desdobra e se desfia, como o infinito sempre à mão. No caso, a música semeou-se em manchas e riscos, e eu fui descobrindo, atónito, as novas caríssimas versões das minhas inesperadas canções. Sinto-me brindado, e orgulhoso por ser o veículo em que se mostra o ardor criativo da ilustração portuguesa. Em plurais viagens, quarenta porque não há lugar para mais.»
«As boas canções são pedras atiradas à superfície dos nossos dias: perturbam a falsa tranquilidade do reflexo espelhado de céu, mergulham até tocarem os nervos de coral por onde nadam os nossos desejos e os medos de muitas cores, inauguram assim o tsunami que nos fará tremer muitos anos depois. As boas canções são intemporais, mesmo acabadas de gravar têm a maturidade de séculos e falam-nos ao ouvido do único tempo que importa: o presente. Quarenta anos ou mais se podem encontrar em cada canção de Sérgio Godinho, os minutos todos enrolados num novelo, que ora fica na garganta ora nos desce aos punhos, pedras que desatam a série de ondas concêntricas da memória que ainda agora está por nascer. Neste projecto melómano, a data fez-se apenas pretexto, ajudou a encontrar o número exacto de olhares a convocar. Os ilustradores também caminham sobre fina camada de gelo, em busca de lugar seguro onde pôr o pé de modo a seguir em frente, vendo para além do nevoeiro, ou seja, iluminando. No íntimo destas letras, e para além das ideias, sobra um caleidoscópio de imagens: um pequeno movimento, suscita outro olhar, e logo nova imagem.
Sérgio Godinho e as 40 Ilustrações
Um livro de ilustrações para as canções de Sérgio Godinho onde a participação de muitos autores de BD não surpreende.
Tinta nos Nervos – banda desenhada portuguesa
Uns anos depois de Angoulême 98 e do definhar da Bedeteca de Lisboa, Pedro Vieira de Moura produz uma exposição (de Janeiro a Março de 2011) no Museu Berardo, e um catálogo, onde faz uma síntese que procura: “dar a ver a parte da produção da BD portuguesa, através de um foco de analise estética e de rigor artístico”. Com textos do comissário organizador, de Domingos Isabelinho e de Sara Figueiredo Costa.
Mosaicos Suburbanos a BD de Pedro Brito e João Fazenda
Na entrada de 2010 a Galeria Mundo Fantasma organizava a sua décima primeira exposição e, em colaboração com a Gesto Cooperativa Cultural e a Casa da Animação (que por sua vez produziam duas outras iniciativas em torno destes autores), trazia ao Porto a obra de João Fazenda e Pedro Brito.
Nas paredes da galeria podíamos ver pranchas de BD de obras destes dois autores: Pano Cru (de Brito) e Loverboy (de Fazenda), mas também “Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos” (de ambos).
O Combate Ilustrado – de 1986 a 2007
O jornal o Combate não foi só o orgão de comunicação oficial de um partido (ou dois, a LCI e o PSR), foi também um campo de experimentação gráfica onde – a par de um outro orgão de comunicação, este situado à direita, o Independente – uma série de autores puderam dar largos ao seu talento e criatividade, quer na ilustração, quer na BD. Este livro documenta grande parte desse talento e criatividade, com muita ilustração e alguma BD.
Textos introdutórios de Jorge Silva (director gráfico do Jornal entre 1978 e 2003) e Heitor de Sousa.
Ângulo Morto
Pequeno livro publicado pela Ao Norte, Associação de Produção e Animação Audiovisual de Viana do Castelo numa colecção que evoca “Os Filmes da Minha Vida”. No caso, Vertigo – A Mulher que Viveu Duas Vezes de Alfred Hitchcock.