O segundo número da Antologia produzido por Filipe Abranches traz, a par dos habituais autores nacionais, o canadiano Simon Roy e a publicação de um inédito de Fernando Relvas de 1978.
O segundo número da Antologia produzido por Filipe Abranches traz, a par dos habituais autores nacionais, o canadiano Simon Roy e a publicação de um inédito de Fernando Relvas de 1978.
A segunda Bolsa de Criação Literária atribuída a Abranches (em 2018) resultou nesta obra, publicada em 2019 pela editora do autor.
Uma antologia e uma editora num projecto desenvolvido por Filipe Abranches com o apoio de Pedro Moura. Para lá de uma série de autores portugueses participa o brasileiro, radicado no Porto, Sama.
Matéria Escura
A expressão “matéria escura” nasce de um dos modelos vigentes da física para dar conta da matéria no universo, a sua massa, movimento, e expansão. Trata-se, portanto, acima de tudo, de um termo que ocupa a função daquilo que é ainda desconhecido ou das possibilidades efectivas de descrição, explicação e previsão. No fundo, mesmo que seja diferente da desusada teoria do éter, por estar agora ancorada em efeitos observáveis e mensuráveis, a matéria negra está ainda a ocupar um espaço de ignorância que se pretende ir apagando à medida que se fazem novas descobertas. H. P. Lovecraft tem aquela famosa frase de que “Vivemos numa ilha tranquila de ignorância no seio de mares negros de infinitude, e não está escrito que devamos viajar distantemente”, mas a atitude do escritor de weird fiction não era propriamente a da mente de um cientista, cujos passos são planeados e com o cuidado metódico que dita, logo à partida, a fortuna garantida. Garantida, pois um falhanço numa observação ou teoria é, em si mesmo, uma vitória também.
«Matéria escura», enquanto título de uma mostra da produção mais recente de Filipe Abranches, entre páginas de banda desenhada, alguma da qual inédita, e de ilustração editorial, menos ou mais próxima de colaborações textuais ou de companheirismos jornalísticos, dá também conta da própria exploração do artista. Em primeiro lugar, de todos os aspectos representativos, temáticos ou narrativos do que lança no papel, onde se conseguem vislumbrar pequenos fantasmas recorrentes a aliar trabalhos bem distintos (ecos de influências primárias revisitadas, o isolamento da figura, a teatralidade da iluminação noir, a violência indizível e mortífera sob o fino verniz social). Depois, a lavra da própria tinta na superfície, em que a destreza magistral do pincel e daquela particular matéria escura se mascara numa aparente facilidade do desenho. Finalmente, a talvez menos visível mas contínua, em toda a sua obra, criação de séries e uniões estilísticas.
É papel do visitante, então, ser o viajante-cientista deslocando-se cada vez mais longe na noite de Abranches, aproximando-se da matéria que mancha o papel para chegar à matéria que dele se desprende e adensa e agrega o seu universo.
(texto de apresentação da exposição que ficou patente até 30 de Abril de 2018).
Uma das antologias da Kus, desta feita só de autores deste país à beira mar plantado.
20 anos depois, André Carrilho, que participara no primeiro, assume a direcção de um novo número da Aí Aí. Nos antípodas da ambição comercial do primeiro mas com a mesma orientação gráfica e artistíca. E com a mesma equipa.
Um pequeno opúsculo (numerado e assinado) publicado pela Imprensa Canalha de José Feitor e que de algum modo, ensaia o livro Selva!!! do autor.