texto de apresentação:
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Histórias Gravadas – Exposição Quarto de Jade com Diniz Conefrey e Maria João Worm

Exposição Histórias Gravadas, com pranchas de desenho, linóleos e gravuras das edições Quarto de Jade (Maria João Worm e Diniz Conefrey) edestacando a sua última publicação (na data) Planície Pintada.
10 – Galeria Mundo Fantasma 2008/2018
Nos dez anos de actividade da sua Galeria, a Mundo Fantasma publica um álbum fotográfico celebratório. Fotos de Júlio Eme e José Rui.
Inimigo Exposto de Nuno Saraiva e Diário Rasgado 2018 de Marco Mendes
“A actualidade é um detonador do imaginário. É assim que eu uso os jornais.”, afirmou Enki Bilal, desenhador e argumentista, numa entrevista concedida em 2003 ao Liberátion (um jornal francês). A relação entre a imprensa, a ilustração e/ou a banda desenhada, não é novidade, o que nestas duas exposições se propõe é descobrir que essa relação ainda está de pé, viva e actual. Jornais diferentes, ilustradores diferentes, distintas abordagens e temas, juntaram-se para ocupar um mesmo espaço a convite do ZineFestPt, um evento dedicado ao universo das edições e aos seus autores.
Exposição Inimigo Exposto, desenhos de Nuno Saraiva,
Nuno Saraiva trouxe um pouco de calor à silly season que foi o verão de 2018.
Com “Inimigo Exposto” o artista mostrou no Passevite (Anjos, Lisboa) os originais dos desenhos para o Inimigo Público, ao lado de alguns finais já editados no jornal. O ZineFestPt propôs ao Passevite um regresso a esta exposição, trazendo-a ao Porto. Em duas das paredes os desenhos deste ano publicados no suplemento Inimigo Público do Jornal Público. Numa outra, uma selecção entre centenas dos desenhos feitos entre 2003 e 2006.
Exposição Diário Rasgado 2018, com BD do Marco Mendes,
As pranchas diárias, em formato quadrado (duas vinhetas sobre outras duas), a cores, no Jornal de Notícias, surgem a partir de 3 de Junho de 2018, sob o título “Diário Rasgado”, já por ele usado antes num álbum. Estas tiras de banda desenhada perpassam reflexões circunstanciais, próprias do quotidiano, da vida do dia a dia. Deixando um rasto de ligação, entre simples momentos tomados como episódios singulares, com uma espécie de sabor incógnito, dão-nos vontade de continuar a acompanhar, pois há de tudo como na vida real acabando por ter ocasionalmente alguma relação com alguém que a lê, porque o mundo dos outros é também o nosso próprio, de alguma forma fazemos parte de uma realidade que tem tanto de diverso como de inúmeros aspectos comuns.
(texto de apresentação das exposições).
Dos anos 70 à atualidade e Vice-Versa: BD de Nuno Amorim
Cicatriz: Exposição de Sofia Neto
Matéria Escura – BD e Ilustração de Filipe Abranches
Matéria Escura
A expressão “matéria escura” nasce de um dos modelos vigentes da física para dar conta da matéria no universo, a sua massa, movimento, e expansão. Trata-se, portanto, acima de tudo, de um termo que ocupa a função daquilo que é ainda desconhecido ou das possibilidades efectivas de descrição, explicação e previsão. No fundo, mesmo que seja diferente da desusada teoria do éter, por estar agora ancorada em efeitos observáveis e mensuráveis, a matéria negra está ainda a ocupar um espaço de ignorância que se pretende ir apagando à medida que se fazem novas descobertas. H. P. Lovecraft tem aquela famosa frase de que “Vivemos numa ilha tranquila de ignorância no seio de mares negros de infinitude, e não está escrito que devamos viajar distantemente”, mas a atitude do escritor de weird fiction não era propriamente a da mente de um cientista, cujos passos são planeados e com o cuidado metódico que dita, logo à partida, a fortuna garantida. Garantida, pois um falhanço numa observação ou teoria é, em si mesmo, uma vitória também.
«Matéria escura», enquanto título de uma mostra da produção mais recente de Filipe Abranches, entre páginas de banda desenhada, alguma da qual inédita, e de ilustração editorial, menos ou mais próxima de colaborações textuais ou de companheirismos jornalísticos, dá também conta da própria exploração do artista. Em primeiro lugar, de todos os aspectos representativos, temáticos ou narrativos do que lança no papel, onde se conseguem vislumbrar pequenos fantasmas recorrentes a aliar trabalhos bem distintos (ecos de influências primárias revisitadas, o isolamento da figura, a teatralidade da iluminação noir, a violência indizível e mortífera sob o fino verniz social). Depois, a lavra da própria tinta na superfície, em que a destreza magistral do pincel e daquela particular matéria escura se mascara numa aparente facilidade do desenho. Finalmente, a talvez menos visível mas contínua, em toda a sua obra, criação de séries e uniões estilísticas.
É papel do visitante, então, ser o viajante-cientista deslocando-se cada vez mais longe na noite de Abranches, aproximando-se da matéria que mancha o papel para chegar à matéria que dele se desprende e adensa e agrega o seu universo.
(texto de apresentação da exposição que ficou patente até 30 de Abril de 2018).