Etiqueta: Mundo Fantasma

Cicatriz: Exposição de Sofia Neto

Cicatriz: Exposição de Sofia Neto

Em mostra estarão as ilustrações originais que resultaram no livro de banda desenhada Cicatriz, de Sofia Neto.
Galhos e agulhas de pinheiro a estalar debaixo dos pés. Uma brisa salgada que se move entre troncos esguios. O chiar de metal enferrujado. Bolsos carregados de pinhões e cogumelos selvagens. Um agitar súbito de folhas e sombras irrequietas. Sensações familiares num lugar a que não pertence. Uma mulher atravessa um território estranho, esquecido, numa procura pontuada por encontros com aqueles que o habitam. O som distante de violência marca o ritmo de um percurso que se vai construindo passo a passo, orientado por esperança, medo e descoberta.
(texto de apresentação da exposição).

Matéria Escura – BD e Ilustração de Filipe Abranches

Matéria Escura - BD e Ilustração de Filipe Abranches

Matéria Escura

A expressão “matéria escura” nasce de um dos modelos vigentes da física para dar conta da matéria no universo, a sua massa, movimento, e expansão. Trata-se, portanto, acima de tudo, de um termo que ocupa a função daquilo que é ainda desconhecido ou das possibilidades efectivas de descrição, explicação e previsão. No fundo, mesmo que seja diferente da desusada teoria do éter, por estar agora ancorada em efeitos observáveis e mensuráveis, a matéria negra está ainda a ocupar um espaço de ignorância que se pretende ir apagando à medida que se fazem novas descobertas. H. P. Lovecraft tem aquela famosa frase de que “Vivemos numa ilha tranquila de ignorância no seio de mares negros de infinitude, e não está escrito que devamos viajar distantemente”, mas a atitude do escritor de weird fiction não era propriamente a da mente de um cientista, cujos passos são planeados e com o cuidado metódico que dita, logo à partida, a fortuna garantida. Garantida, pois um falhanço numa observação ou teoria é, em si mesmo, uma vitória também.

«Matéria escura», enquanto título de uma mostra da produção mais recente de Filipe Abranches, entre páginas de banda desenhada, alguma da qual inédita, e de ilustração editorial, menos ou mais próxima de colaborações textuais ou de companheirismos jornalísticos, dá também conta da própria exploração do artista. Em primeiro lugar, de todos os aspectos representativos, temáticos ou narrativos do que lança no papel, onde se conseguem vislumbrar pequenos fantasmas recorrentes a aliar trabalhos bem distintos (ecos de influências primárias revisitadas, o isolamento da figura, a teatralidade da iluminação noir, a violência indizível e mortífera sob o fino verniz social). Depois, a lavra da própria tinta na superfície, em que a destreza magistral do pincel e daquela particular matéria escura se mascara numa aparente facilidade do desenho. Finalmente, a talvez menos visível mas contínua, em toda a sua obra, criação de séries e uniões estilísticas.

É papel do visitante, então, ser o viajante-cientista deslocando-se cada vez mais longe na noite de Abranches, aproximando-se da matéria que mancha o papel para chegar à matéria que dele se desprende e adensa e agrega o seu universo.

 

(texto de apresentação da exposição que ficou patente até 30 de Abril de 2018).

Artistas Portugueses no Mercado Americano – obras de Carlos Pedro, Daniel Henriques, Filipe Andrade, Jorge Coelho e Miguel Mendonça

Artistas Portugueses no Mercado Americano - obras de Carlos Pedro, Daniel Henriques, Filipe Andrade, Jorge Coelho e Miguel Mendonça
foto Júlio Eme

Alguns dos principais autores portugueses a trabalhar actualmente para mercado americano estão representados nesta exposição concebida originalmente para o Festival Coimbra BD e que agora tem a sua estreia na cidade do Porto, na Livraria/Galeria Mundo Fantasma. Poderão presenciar a abertura da mostra ao público em dias de muita animação, 5 de Maio e 6 de Maio, este um dia especialíssimo, de plena celebração do Free Comic Book Day. Os trabalhos de Carlos Pedro, Daniel Henriques, Filipe Andrade, Jorge Coelho e Miguel Mendonça, dão-nos a ver pranchas de BD produzidas por estes autores para as principais editoras em língua inglesa, tais como as grandes editoras americanas Marvel, DC, Image e Boom Studios. A exposição foi comissariada pelo Bruno Caetano e o João Miguel Lameiras com organização da ComicHeart.

(texto de apresentação da exposição).

Estiveram presentes Jorge Coelho e Filipe Andrade, para autógrafos, dedicatórias e conversa com os fãs.

“Já não sou eu que vivo” de Francisco Sousa Lobo

"Já não sou eu que vivo" de Francisco Sousa Lobo
imagem de um plano impresso em riso

A exposição teve por base a edição (em risografia) de uma obra original.

 It’s no longer I that liveth é um livro sobre ter treze anos em 1986. Relata alguns meses na vida de Francisco Ferreira, entre a região de Lisboa e Évora. Francisco Ferreira tem a pior das idades. Uma idade em que o Deus da infância já não existe e não há ainda outro Deus que o substitua. Uma idade em que já não se brinca e ainda não se tem amigos verdadeiros. Uma idade niilista. Uma idade sem nada. Mesmo assim Ferreira descobre qualquer coisa, agarra-se a qualquer coisa.

(texto de apresentação da exposição e livro).

Elípse – exposição de Banda Desenhada de Sofia Neto

Elípse – exposição de Banda Desenhada de Sofia Neto

Há uma mulher que escapa, contrariando aquela imagem do Tempo em que se vê uma mão agarrar o cabelo daquela que foge. A história escapa com ela e pode ser contada com variações. Andamos entre nevoeiro, no mar alto e nas suas profundezas, numa pequena caverna arrastados por Cassandra, pelas salas nocturnas de um museu de história natural, por um túnel sem saída ou na noite escura. Andamos distraídos, talvez desorientados, até nos apercebermos que estivemos em síncope. O trabalho é este: agarrar o tempo. –

texto de Daniel José